Esports: Projeto AfroGames garimpa talentos da periferia para o mundo dos Esports
Vigário Geral, Rio de Janeiro, Brasil. É de lá que vem a primeira equipe de Esports do mundo formada dentro da favela.
Esse feito só foi possível por meio do projeto AfroGames, o projeto de Esports do grupo cultural AfroReggae. O Baserush conversou com Ricardo Chantilly, Empresário Musical e um dos idealizadores do projeto, que contou um pouco mais sobre o AfroGames e a AFG Esports.
Este é o nosso time de Lol.
Pode não parecer nada, mas é o 1º time de esports formado dentro de favela no mundo .São 1 menina e 5 garotos q vão receber um salário pra treinar.
São 6 jovens q terão: treinador, preparador físico, psicólogo e…. dignidade.
AfroGames pic.twitter.com/9FQI1Ky1IG— ricardo chantilly (@ricardochantily) December 29, 2020
O projeto AfroGames teve início em 2019. Ricardo, que já era entusiasta dos esports, foi quem teve a ideia, junto de José Junior, fundador do AfroReggae.
“Eu sou empresário de música e comecei a estudar o mundo dos games e do esports há três, quatro anos. Há um tempo atrás o José Junior do AfroReggae, um amigo meu de longa data, me chamou pra fazer um projeto de música no Vigário Geral para o AfroReggae, e eu como estava totalmente entusiasmado com esse mundo dos games, dei a ideia de nós criarmos um projeto de esports lá dentro da favela” conta Ricardo.
O projeto se iniciou com 100 jovens da Favela do Vigário Geral e de comunidades próximas. As vagas foram divididas em três cursos: League of Legends, Programação de Computadores e Produção Musical para Games.
“Daqueles 100 jovens das primeiras turmas, nós selecionamos 5 garotos e 1 garota, que vão formar nosso primeiro time de LoL. É o time o AFG eSports, ou AfroGames eSports. Eles estão atualmente recebendo 1 salário mínimo mensal, vão treinar durante um ano, participar de campeonatos, terão preparadores físicos, treinador, toda infraestrutura que um time de primeira linha de Esports em São Paulo tem” afirma Chantilly.
Ricardo destacou ainda a necessidade de projetos como o AfroGames pelo mundo, e diz que o objetivo é revelar novos talentos dentro da favela.
“O AfroGames vem para revolucionar o mercado de Esports brasileiro e até mundial, porque quando você fala de esportes tradicionais como futebol, boxe e basquete, eles eram esportes de brancos, onde só a elite jogava, e quando o garoto pobre, negro, teve acesso ao treinamento desses esportes tradicionais, eles realmente revolucionaram e transformaram esses jogos em coisas gigantescas. Nós pensamos que os Esports já são gigantes no mundo inteiro, mexem com bilhões de dólares, mas existe uma classe, que é a do garoto pobre, da favela, da periferia, que ele não tem acesso por conta dos custos, como por exemplo, um computador top de linha que custa 10 mil reais, de uma cadeira gamer, de uma internet boa, então ele fica excluído desse mundo”.
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O projeto inclusive tem proximidade com algumas equipes nacionais de esports. Segundo Ricardo, INTZ, Pain Gaming e Falkol (atualmente Vorax), já tiveram algum tipo de contato com o projeto. O ex-jogador profissional e streamer da Pain Gaming, Gabriel “Kami” Bohm visitou a estrutura do AfroGames e falou sobre esports com os participantes do projeto.
“Já temos parceria, papos né, sempre que preciso de alguma dica, alguma coisa algum toque todo mundo está aberto a ajudar, as organizações apoiam muito o AfroGames, o projeto é muito bem acolhido, eu me sinto bem acolhido dentro do mercado de esports”.
O AfroGames tem como patrocinadores e apoiadores a Ambev, representada pelo Energético Fusion, a HyperX, a Secretaria de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, via lei de incentivo de ICMS, o Grupo Globo e a Gol Linhas Aéreas. O projeto teve de ser interrompido durante a pandemia, mas deve voltar no dia 21 de janeiro de 2021, com novamente 100 alunos, mas a intenção é crescer ainda mais.
“São 21 computadores, que são para aulas e para o nosso time treinar, esse ano estamos reabrindo o centro, com turma de League of Legends, duas turmas de Fortnite e Programação de Computadores, todos ainda contam com aula de inglês, além de lanche, uniforme, e internet de alta velocidade (…)O nosso objetivo é dar primeiramente o acesso a todos os garotos que a gente puder, nós queremos aumentar em escala, hoje temos 100 alunos, queremos ir pra 300 e em três anos estar com 1000 alunos, onde a gente primeiro dá essa inclusão digital, e depois pensar e peneirar os grandes talentos que realmente existem dentro das favelas, das comunidades do Rio de Janeiro, do Brasil e do Mundo, e que talvez nunca tenham a oportunidade de mostrar seu talento”.
Quem quiser saber mais sobre o AfroGames, o projeto está em todas as redes sociais como @AfroGamesBR.
“É muito importante que o AfroGames tenha uma rede forte para que a gente possa mostrar o valor dessa molecada toda e o valor deles para todo o mundo” destaca Ricardo.
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24 anos, jornalista, apaixonado por esports e futebol.